Portugal é um dos poucos países da Europa em que as técnicas de Suporte Básico de Vida não se começam a aprender nos bancos da escola, alerta Santos Rosa
São minutos que podem salvar vidas. Pede-se rapidez, determinação e noções básicas de Suporte Básico de Vida (SBV). Ontem, numa acção dinamizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), em parceria com o INEM, mais de 500 formandos, a maioria estudantes do ensino superior, aprenderam como agir perante uma vítima em paragem cardio-respiratória.
Margarida Rosa, estudante de Psicologia, tinha a ideia do que se deve fazer, mas «não sabia como», por isso, com um grupo de amigos, optou por trocar o descanso de sábado à tarde por esta acção, que decorreu no Estádio Universitário de Coimbra. «Achei importante saber como devo agir em situação de risco», completou, durante a parte prática do exercício.
«Somos um dos poucos países da Europa em que o SBV não se começa a aprender na escola», lamenta Santos Rosa, acrescentando que «alguém que tenha uma paragem cardio-respiratória, na prática, arrisca-se a não ter ninguém à sua volta que o possa socorrer».
E «a vida das pessoas depende muitos desses primeiros minutos», explica o director da FMUC, revelando que a acção “Mãos para a Vida” – que contou com cerca de uma centena de formadores e a colaboração da Cruz Vermelha Portuguesa, Bombeiros Sapadores de Coimbra, Bombeiros de Condeixa e Faculdade de Ciências do Desporto – poderá ter sido a primeira de muitas. Pelo menos, da parte dos organizadores há vontade de repetir, assim surjam parceiros, para que cada vez mais pessoas aprendam as técnicas de compressão cardíaca e de ventilação com ar expirado, vulgarmente denominada de respiração boca-a-boca.
Mas, afinal como se deve agir quando confrontado com uma situação de paragem cardio-respiratória? Sofia Madeira, do INEM explica, alertando que «o socorro não é só chegar ao hospital». A primeira abordagem, quando nos deparamos com alguém caído, é saber se a pessoa está consciente, tentar perceber se respira ou não e ligar, imediatamente, para o 112.
Confirmada a paragem cardio-respiratória, há que colocar em prática as técnicas de Suporte Básico de Vida, intercalando 30 gestos de compressão torácica com dois de ventilação com ar expirado, se possível com a ajuda de uma máscara. Importa não esquecer as condições de segurança – por exemplo, perceber se a vítima não está electrocutada – e proceder à correcta inclinação da cabeça, salienta a médica de emergência médica, acrescentando que o SBV «é extenuante para o reanimador», porque exige «muita força e muita rapidez».
Caso não se verifique alteração no estado da vítima, o exercício deve continuar até à chegada da equipa médica, a quem será transmitido todo o processo de reanimação desenvolvido até ao momento. Ouvidas as explicações de quem dedica a vida ao socorro, os mais de 500 formandos encheram um dos relvados do Estádio Universitário e colocaram em prática os conhecimentos, em manequins. A partir de agora, passam a estar habilitados para salvar vidas
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